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Agronegócio

Pesquisador da Embrapa alerta para a doença “couro de sapo” na mandioca

Doença foi detectada recentemente no Paraná e pode reduzir produtividade de 70% à perda total

Publicado em 02/10/2019 às 00:14

(Foto: Jorge Roberto)

(Foto: Jorge Roberto)

(Foto: Jorge Roberto)

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) detectou a presença de uma nova doença nas lavouras da mandioca. O “couro de sapo” ou “couro de jacaré”, como é conhecida, é “uma doença cuja etiologia é atribuída ao mesmo tempo a um complexo de espécies de vírus e a um fitoplasma”, como explica o pesquisador Saulo Oliveira, da Unidade de Mandioca e Fruticultura da Embrapa em Cruz das Almas, Bahia. O problema já havia sido detectado nas lavouras do Amazonas, Pará e Bahia e mais recentemente foi registrado no Paraná. “O couro de sapo apresenta um alto potencial de danos à cultura da mandioca, podendo inviabilizar a produção em toda uma região”, alerta o pesquisador da Embrapa. 

Oliveira diz que a doença normalmente só é percebida por ocasião da colheita, quando se tem o contato com a raiz, já que não até agora as pesquisas não detectaram qualquer sintoma do mal na parte aérea da cultura. “Os sintomas se caracterizam-se pela presença de sulcos ou lábios nas raízes, com diminuição do diâmetro, engrossamento da película, sendo que esta fica com aspecto corticoso e de difícil desprendimento, a entrecasca fica opaca e também de difícil desprendimento. A maioria das cultivares conhecidas, quando infectadas pelos patógenos do couro de sapo, não expressam sintomas na parte aérea, sendo os danos somente percebidos durante a colheita, fato que dificulta ainda mais seu controle”.

O pesquisador da Embrapa relata que a moléstia “pode provocar redução em torno de 70% na produtividade ou até mesmo perdas totais em variedades suscetíveis. Os vírus/fitoplasma podem também reduzir drasticamente a qualidade do produto, especialmente os teores de amido, cuja diminuição pode variar de 10% a 80%. Devido a relatos constantes de ocorrência dessa doença em diferentes regiões e no Paraná, é fundamental a adoção de estratégias de manejo, uma vez que não pode ser ignorada como um problema potencial para a região, já que as condições de clima e plantio mecanizado favorecem e muito o desenvolvimento da doença”.

MUDAS DE QUALIDADE – Saulo Oliveira informa que a maneira mais eficiente para prevenir o couro do sapo é fazendo uma “seleção rigorosa do material de plantio, evitando a introdução de material de áreas afetadas, ou seja, pelo uso de manivas sadias”.

Adverte que “em áreas de ocorrência da doença, deve-se realizar a eliminação de plantas doentes dentro do cultivo (roguing). Até o momento, a limpeza de plantas infectadas só é possível em escala de laboratório ou por meio de câmaras térmicas. Nesse sentido, a Embrapa recomenda a utilização de manivas ou mudas de mandioca com qualidade fitossanitária assegurada, como é o caso das mudas produzidas junto ao projeto Reniva (Rede de multiplicação e transferência de materiais propagativos de mandioca com qualidade genética e fitossanitária), ou mesmo a adoção de câmaras de tratamento térmico”

Segundo ele, as câmaras térmicas são estruturas similares a casas de vegetação, produzidas com custo mais baixo que permitem a limpeza de materiais infectados, por meio da utilização de altas temperaturas (até 55° C), com eficiência de até 80% para a maioria das doenças de mandioca.


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