A Santa Casa de Paranavaí formou na última quarta-feira a
quarta turma de especialistas que fizeram residência médica no hospital. A
cerimônia foi marcada por homenagens a dois médicos que faleceram entre a
última e esta formatura: Michel Spigolon, então chefe da UTI e diretor técnico
do hospital, que faleceu em março do ano passado, e Waldomiro Esperidião
Júnior, supervisor do curso de Anestesiologia, que morreu no início deste mês.
A solenidade aconteceu na noite desta quarta-feira (13), no Harmonia Country
Clube.
Já no início da cerimônia foi respeitado um minuto de
silêncio pela memória dos dois médicos. Em seguida, a anestesista Daisy Junqueira
Bordin, que assumiu a supervisão do curso de residência, em substituição ao
colega falecido, fez um rápido pronunciamento lembrando o comprometimento de
Esperidião com a profissão.
Nos discursos oficiais da formatura, a memória dos dois
falecidos também foi lembrada. O orador da turma foi Raphael Ricardo de
Oliveira, o primeiro anestesista a ser formado pelo hospital. No seu pronunciamento,
disse que sentiu-se órfão com a morte de Esperidião e revelou que no bloco
cirúrgico os preceptores brincavam lhe chamando de filho do Waldomiro. “Tenho
certeza que ele ficou orgulhoso por nossas conquistas. A minha de estar
concluindo a Residência e a dele por ter realizado de forma brilhante a
Residência que teve ele como principal idealizador”, disse.
Representando os supervisores e preceptores, o cirurgião
Leônidas Fávero Neto fez um pronunciamento dirigido aos novos especialistas.
Citou que aquele era um momento de comemoração da “consolidação daquilo que se
pretende para uma vida toda, alcançada através de dedicação e comprometimento,
muito estudo e, provavelmente, muito mais ainda, trabalho”. Mais adiante, disse
que os formandos “se permitiram querer o infinito do conhecimento médico e não
a limitação suficiente para o desempenho da profissão no dia a dia. É exatamente
isto que esperamos de cada um destes especialistas. A medicina brasileira
reconhecerá seus esforços”.
Ao final, Fávero aconselhou: “não percam a humildade,
entendam que sempre haverá o que aprender e sempre existirá alguém que
necessitará de seus conhecimentos, seja este alguém um paciente, seja um aluno
de graduação médica. Mas, especialmente, exerçam a medicina com muita
responsabilidade”.
QUARTA TURMA - Falando também em nome do presidente Renato Guimarães, o diretor geral Héracles Alencar Arrais destacou que desde que foi autorizada a residência, a Santa Casa vem fazendo investimentos para dar cada vez melhores condições para o aprendizado dos residentes e que os resultados estão aparecendo. “Hoje, com esta quarta turma, passamos de mais de 30 profissionais que se especializaram em nosso hospital e isto é motivo de orgulho para todos nós: diretoria, a coordenação do Conselho de Residência Médica (Coreme), supervisores, preceptores e, diria até, motivo de orgulho para a cidade e região”, disse ele.
Lembrou que os residentes formados na Santa Casa têm sido
aprovados para outras especialidades ou estão atuando com sucesso em hospitais
e clínicas, o que, segundo ele, demonstra que “nosso clínico e de enfermagem,
os equipamentos e as instalações físicas, avaliados e aprovados pelo Ministério
da Educação, são, de fato, de alto nível”.
Arrais fez uma referência especial ao presidente do Coreme,
Jorge Pelisson, que “é um entusiasta e um motivados da Residência Médica. E o
seu ânimo contagia os preceptores e supervisores”. Revelou que os médicos não
têm remuneração para atuar na Residência, mas “o fazem por amor a profissão,
por amor ao hospital, pelo desejo de compartilhar seus conhecimentos; o fazem
porque são homens e mulheres magnânimos”.
Ao final, visivelmente emocionado, lembrou de Spigolon e
Esperidião, “dois jovens médicos que nos deixaram precocemente, no auge de sua
capacidade produtiva”. Sobre o então chefe da UTI, disse que mantinha com ele
uma relação de “pai para filho. Ele deixou em nosso corações uma lacuna que
jamais será preenchida” e sobre o anestesista, que entregaria naquele dia o
título ao primeiro médico formado em anestesiologia pela Santa Casa, Arrais
disse que “nos últimos meses nos aproximamos muito, conversávamos mais e sua
trágica morte também gerou muita comoção em todos nós”. Finalizou sugerindo aos
formandos que “espelhem-se nestes dois grandes serem humanos e certamente serão
profissionais reconhecidos pela competência e pela ética”.
Após a entrega dos títulos de especialistas pelos
supervisores de cada residência e ao encerrar a cerimônia, o presidente do Coreme, Jorge Pelisson parabenizou os formandos “pela
brilhante conquista, que a partir de agora colocam vocês em um patamar
profissional diferenciado, não só no que diz respeito ao mercado de trabalho,
mas, sobretudo, com certeza, em relação à aquisição de conhecimentos,
habilidades e competências, na assistência aos pacientes, que são a essência e
o objetivo maior de nossa profissão”.
Pelisson agradeceu a todos que trabalham na formação dos
especialistas, aos que dão as condições para o trabalho e aos parceiros da
Residências. E finalizou se dirigindo novamente aos novos especialistas,
lembrando-os das conversas no início da formação, nas discussões de bioética:
“exerçam sempre suas atividades tendo em mente os três princípios: beneficência
do paciente, autonomia do paciente e equidade entre os pacientes”.
Nesta quarta turma foram formados nove novos especialistas,
sendo que dois deles não compareceram, a cerimônia. Receberam seus diplomas no
evento Raphael Oliveira (Anestesia), Hélio Emerich Neto, Gustavo Marcondes
Correa (Cirurgia Geral), Thaís Terra Maia, Thaís Chab Campano Latorre (Clínica
Médica), Fabiana de Bortoli Nogueira Tokunaga (Oftalmologia) e Maiara Cristina
Fazolin (Pediatria).