Foram sete meses de muitas dificuldades e angústia para a família do seu Benedito Ângelo da Silva. Aos 74 anos de idade, ele desenvolveu uma doença chamada espongiloartrose que causou uma séria lesão em sua coluna cervical. “A lesão foi em uma vértebra muito delicada que comprometeu o músculo respiratório do seu Benedito. Ele precisou ser entubado, passar por uma traqueostomia e ser colocado num aparelho de ventilação mecânica para conseguir respirar”, explica a médica, Dra. Fernanda Barbosa Awada.
A partir daí, a dona Luzenira, esposa do seu Benedito, não consegue nem contar quantas foram as idas e vindas da família até a Santa Casa para poder vê-lo. “Primeiro ele ficou quase quatro meses na UTI, então não podíamos ficar muito tempo, eram poucos da família que podiam entrar para ver ele. Depois ele foi transferido para um setor um pouco mais acessível, onde podíamos passar a parte da tarde com ele. Mas ainda assim era muito restrito e ele ficava muito triste. Queria ver os netos, os filhos. Depois foi para o quarto, e então começamos o revezamento, eu e minhas filhas, para dormir com ele no hospital. Fomos muito bem atendidos, mas todos nós queríamos mesmo poder ir para casa com ele”.
Por conta do longo período de internamento, eles tiveram que comemorar os 45 anos de casados na Santa Casa. “Mesmo ele estando bem fraco, o pessoal fez um momento para renovarmos nossos votos, teve bolo, um momento de alegria no meio de toda aquela dificuldade”, conta a dona Luzenira.
Depois de sofrer com várias infecções, o seu Benedito começou a
apresentar uma melhora no quadro clínico. “A Santa Casa fez contato com a nossa
equipe do Melhor em Casa para avaliarmos juntos a possibilidade de admitirmos
ele no programa. Como ele já estava clinicamente bem, nós transferimos o
internamento dele do hospital para a casa da família, e todos eles têm se saído
muito bem nestes primeiros dias”, avalia a Dra. Fernanda.
Com o internamento domiciliar, o seu Benedito recebe pelo menos cinco visitas diárias da equipe do Melhor em Casa. “São duas visitas da médica e da enfermeira, outras duas dos técnicos de enfermagem e uma visita da fisioterapeura”, aponta a enfermeira e coordenadora do Programa, Melissa Hernsdorff Firomi.
Para a família, a continuidade de um tratamento adequado e a oportunidade de ter o seu Benedito em casa, são um alívio. “Quando nos falaram para transferir o pai para o internamento através do Melhor em Casa, ficamos um pouco preocupadas. Ficávamos nos perguntando se isso realmente ia funcionar, se íamos mesmo receber esse atendimento em casa. Hoje podemos dizer que não poderíamos estar nos sentindo mais felizes. A atenção em cada detalhe, as informações e orientações que a equipe passa para nós, para aprendermos a cuidar melhor dele também, o carinho de cada um, não tem preço. É um cuidado especial e essencial que o nosso pai está recebendo. E ainda está perto da família, dos netos que ele tanto ama. Sem a equipe do Melhor em Casa, não sei como poderíamos cuidar dele tão bem”, elogiam as filhas Nanci e Adriana.
Melhor em Casa - O programa Melhor em Casa garante atendimento médico domiciliar a pacientes egressos de hospitais, serviços de urgência e emergência ou atenção básica. O objetivo é atender pessoas com necessidade de reabilitação motora, idosos, pacientes crônicos sem agravamento ou em situação pós-cirúrgica, por exemplo, diminuindo as filas de internamento nos hospitais e outras unidades de saúde. Em Paranavaí, o Programa funciona desde julho de 2014. Neste quase quatro anos, 1.254 pacientes foram internados em casa para receber os cuidados domiciliares necessários.
“Um dos fatores mais positivos do programa é a questão da desospitalização de pacientes que podem receber um tratamento de qualidade em casa, como o seu Benedito. Além de diminuir os riscos de infecções, riscos de alguém da família contrair uma doença hospitalar, o programa ajuda a reinserir o paciente no seu ambiente familiar e colabora para a liberação de um grande número de leitos na Santa Casa e no Pronto Atendimento, que podem ser utilizados por pessoas em estados ainda mais graves, que não têm essa opção de poder se tratar em casa”, avalia a enfermeira e coordenadora do Programa, Melissa Hernsdorff Firomi.
O
programa é custeado pelo Governo Federal com contrapartida do município, que
disponibiliza estrutura, equipes de trabalho e outras necessidades específicas
dos pacientes. Uma Equipe Multiprofissional de Atenção Domiciliar (EMAD
tipo I) faz as visitas diárias ou semanais aos pacientes. A frequência e
duração dos cuidados prestados pela equipe é planejada considerando a
necessidade de cada paciente e o atendimento individual está disponível
diariamente das 7h às 19h, inclusive nos finais de semana e feriados.
