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LUZ, CÂMERA, AÇÃO

Gosta de cinema? Confira a resenha de “Operação Final”

Nesta edição do quadro "Luz, Câmera, Ação", o professor e escritor Felipe Figueira fala do filme que detalha uma missão para a captura de Adolf Eichmann.

Publicado em 14/08/2023 às 13:05
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(Foto: Reprodução / Cena do filme “Operação Final”)

Nesta edição do quadro "Luz, Câmera, Ação", o professor e escritor Felipe Figueira fala sobre o filme “Operação Final”.


Por Felipe Figueira

Há certos acontecimentos na história que marcam, e um desses certamente é a Segunda Guerra Mundial. Como professor de História, esse é um tema que sempre aparece em minhas aulas e em conversas com quaisquer pessoas. Para a minha sorte, a maioria das pessoas se refere a esse episódio como uma tragédia, mas, ainda há quem se refere às guerras com empolgação.

 A Segunda Guerra, além de estimular todo tipo de debates, dos mais técnicos (históricos) aos mais ideológicos (quem estava com a razão?), é fonte de inúmeros filmes. Um filme que vale a pena assistir é “Operação Final” (2018), dirigido por Chris Weitz, que traz a história do criminoso nazista Adolf Eichmann (1906-1962).

Eichmann era um tenente-coronel da Schutzstaffel (SS, ou, para fins práticos, tratava-se da polícia nazista), responsável direto pelo setor sobre “Assuntos Judaicos” e que, depois da Conferência de Wannsee (1942), que pôs em marcha a “Solução Final”, acelerou o processo de destruição de determinados grupos sociais, em especial os judeus. Eichmann era o responsável pela logística, ou, para ser claro, pelo transporte dos judeus para os campos de extermínio. Era sua responsabilidade encontrar os meios mais eficientes para exterminar os judeus do modo mais simples e objetivo. Quanto a isso, é possível afirmar que ele fez com maestria.

Hitler e Himmler (Comandante da SS) se suicidaram; Hans Frank (Governador-geral da Polônia), Göring (Comandante da Luftwaffe), Rudolf Ress (Vice-líder do Partido Nazista), dentre outros, foram condenados no Tribunal de Nuremberg; e Eichmann e Josef Mengele (médico do campo de extermínio de Auschwitz) fugiram. Eichmann foi para a Argentina e Mengele terminou seus dias no Brasil. É sobre Eichmann que trata a película “Operação Final”, e a caçada (ou “sequestro”, nos termos da filósofa Hannah Arendt) por parte do Instituto de Inteligência e Operações Especiais (Mossad), de Israel, para levar esse criminoso nazista para ser julgado por uma corte em Jerusalém.

No filme, vemos o tenente-coronel (representado por Ben Kingsley) conversar com o agente israelense Peter Zvi Malkin (contracenado por Oscar Isaac), que depois seriam repetidas em seu julgamento: “Quer que eu seja julgado no lugar de todo o regime?”; “As consequências exatas do meu trabalho foram escondidas de mim. Eu era apenas uma engrenagem na máquina. (...) No fim, estava acorrentado à minha mesa.” É importante destacar que o seu julgamento foi mundialmente televisionado.

É chocante ver a “banalidade do mal”, conceito polêmico cunhado por Arendt, seja porque Eichamann realmente se julgava um burocrata, seja porque até hoje há diversas pessoas que buscam se eximir de responsabilidades por também se julgarem burocratas. Eis uma rica discussão para aulas de Ética e de cursos de Direito, sendo que estes podem analisar o processo de Eichmann de modo ainda mais amplo.

Assim, é possível enxergar que o que se passou entre os anos de 1939 e 1945 (Segunda Guerra), e a argumentação de Eichmann em Jerusalém (1962), bem podem reaparecer na sociedade. Por tudo isso, “Operação Final” é um filme que vale a pena ser visto, pois serve de exemplo ao que o poeta Mario Quintana alertou: “O passado não reconhece o seu lugar; está sempre presente.”


“Operação Final” está disponível no streaming Netflix, com classificação indicativa para maiores de 16 anos com duração de 123 minutos.


 

Felipe Figueira.

Luz, Câmera, Ação

Sou formado em História, Pedagogia e Direito, com doutorado em Educação pela Unesp de Marília e pós-doutorado em História pela Universidade Federal de Ouro Preto. Atuo como professor no Instituto Federal do Paraná, Campus de Paranavaí, e também sou escritor.

Felipe Figueira.

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