Em 2011, aos 18 anos, Walfrido Wellington Mendes de Freitas, viu seus sonhos desmoronarem, após um acidente de trânsito. O jovem seguia de moto para o trabalho, em um abatedouro de aves na região, quando colidiu contra outra moto, entre Paranavaí e Graciosa, e ficou em estado grave.
Ele ficou internado na Santa Casa de Paranavaí por 20 dias, sete deles na UTI entubado, teve múltiplas fraturas e pouco tempo depois soube de que tinha perdido o movimento do braço esquerdo. Um baque para um jovem cheio de planos e que havia iniciado um namoro há cinco meses.
No início, o sentimento foi de revolta, vergonha, medo e incapacidade, porém, com a ajuda da família, e da namorada, hoje esposa, Keyla de Freitas, de 27 anos, com quem tem dois filhos, superou cada um dos obstáculos e percebeu que a deficiência não é empecilho para ser o que ele quiser.
"Após o acidente nós nos mudamos para Curitiba em busca de tratamento. Em 2012, ele chegou a fazer uma cirurgia para tentar reverter a lesão do braço, mas não deu certo. Mesmo diante disso tudo, ele nunca se colocou no lugar de vítima, sempre quis trabalhar. No início entregamos panfletos no sinal, ele vendeu jornal e até se destacou como um dos que mais vendia", conta Keyla.
Keyla e Walfrido são micropigmentadores.
Meses depois o rapaz passou por uma reabilitação do INSS, fez vários cursos de qualificação e trabalhou em duas empresas de seguros, sempre se destacando e sendo premiado como melhor colaborador. Em Curitiba, cursou por três anos faculdade de engenharia civil, mas, por conta das dificuldades nas aulas práticas, não chegou a concluir a graduação.
No ano passado, no início da pandemia a empresa de seguros, na qual ele trabalhava, precisou diminuir despesas e demitiu alguns, funcionários, entre eles o Walfrido. Como a esposa já trabalhava com design de sobrancelha e micropigmentação, resolveu também se aventurar nos procedimentos estéticos.
Para trabalhar com uma só mão, os dois tiveram que testar e adaptar alguns equipamentos para encontrar formas de tornar o trabalho mais fácil. E eles encontraram. Por já ter conhecimento com as métricas, adquiridos na faculdade, Walfrido não teve dificuldades com as marcações.
"No começo ele me ajudava com a parte financeira e as redes sociais, depois começou a querer fazer a minha sobrancelha e eu incentivei, ensinei e arrumei algumas modelos para ele. Eu nunca falei que ele não podia nada, tudo que ele falava que queria fazer ou tinha vontade, eu sempre incentivei. Nunca disse que não poderia", conta Keyla.
Reconhecimento
Neste mês de agosto o casal de micropigmentadores participou de um dos maiores congressos de micropigmentação do Brasil, o PMU Experience Congress, que aconteceu no dia 16, em Curitiba.
No evento, Walfrido foi homenageado por sua história de força e superação e foi presenteado pela empresa Haut Micropgmentação, com um dermógrafo com cabo giratório, que vai facilitar e muito o trabalho dele. O equipamento é o que há de mais moderno no mercado e custa em torno de R$ 8 mil.
E não foi só isso, a empresa também se dispôs a criar um equipamento totalmente adaptado às necessidades do micropigmentador, que também ganhou convites para três renomados congressos. Ele e a esposa ainda foram contemplados com especializações na área.
"Eu acredito que isso pode ajudar outras pessoas a perceberem que também são capazes. Dá uma força a mais para continuar", finaliza Walfrido.
O casal atende na DLuxo Sobrancelhas, no Premier Shopping, em Paranavaí.
