A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de
Paranavaí foi uma das escolhidas para participar de um estudo promovido pelo
Ministério da Saúde e que será conduzido pelo Hospital Israelita Albert
Einstein. O objetivo é avaliar o impacto da telemedicina nas UTIs brasileiras.
Dois grupos serão monitorados: um deles terá o suporte da telemedicina, outro
não. O estudo deve ser iniciado em fevereiro e o monitoramento deverá acontecer
entre 12 e 18 meses. Estima-se que a conclusão do estudo seja divulgado em
aproximadamente três anos.
A informação é do médico chefe da UTI da Santa Casa, Bruno
Leal. Segundo ele, ainda não há definição se a Unidade local entrará no grupo
em que será instalada a telemedicina ou não. “Nos hospitais em que o Einstein
implantar a telemedicina, teremos uma espécie de um robô-vídeo, um monitor, que
permitirá ao intensivista do Einstein fazer o ‘round’ diariamente conosco”,
explica o intensivista.
O chamado “Round Multiprofissional” já foi implantado na UTI
da Santa Casa e consiste em, diariamente, uma equipe multidisciplinar de
profissionais de saúde (intensivista, nutricionista, fisioterapeuta,
infectologista – equipe do CCIH -, enfermeira, e no caso de Paranavaí, os
médicos residentes de Clínica Medica) avaliar conjuntamente, leito a leito, os
pacientes da Unidade. Nas unidades a ser implantada a telemedicina, um
profissional do Hospital Albert Einstein participará deste trabalho, podendo
opinar e discutir o casos com os profissionais locais. Prevalece, no entanto,
sempre decisões do intensivista presencial.
Estudos realizados a partir do ano de 2000 mostram que esta
prática (round multiprofissional) reduz casos de infecção, utilização de
antibióticos, tempo de utilização de ventilação mecânica (paciente “entubado”),
tempo de internação e, sobretudo de mortalidade, aumentando a rotatividade nos
leitos de UTI, um dos grades gargalos da saúde no país.
“Levantar estas
informações são inclusive as razões deste estudo. Saber se vale a pena ou não a
implantação da telemedicina no país”, acrescenta o médico, que se prepara para
mais uma especialização, o de neuro-intensivista.
A questão é que, enquanto Paranavaí, por exemplo, já
implantou o round e protocolos na UTI e conta com um médico intensivista
titulado, a maioria dos hospitais no interior atua “de forma capenga, pois não
tem estas condições, não tem o mesmo arsenal que dispomos”, conforme assinala
Leal. Este estudo pode ajudar a elevar o nível das UTIs brasileiras.
O chefe da Unidade acredita que a participação neste estudo
como hospital pesquisador trará vantagens a Santa Casa. “É importante esta
participação e sempre enriquece nossos conhecimentos”, diz ele. Mas o maior
benefício será para as UTIs que ainda não funcionam adequadamente na prática e
para a população, já que a tendência da melhoria do serviço é ampliar o número
de leitos de tratamento intensivo.