O presidente do Sindicato Rural de Paranavaí
e vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), Ivo
Pierin Júnior, defendeu uma redução drástica da carga tributária em todos os
setores da economia e até mesmo a forma calcular alguns tributos. A defesa foi
durante discussão sobre a posição a se adotar pelo Sindicato em relação a
paralisação dos caminhoneiros, que nesta sexta-feira chegou ao seu quinto dia.
“Temos que mudar o modelo de tributação no Brasil”, reforçou ele.
Em reunião da diretoria executiva do
Sindicato, Pierin citou o exemplo dos tributos sobre os combustíveis que
precisam ter sua forma de cálculo alterada. Lembra que de um lado está a CIDE e
de outros está o PIS e o Confins. Os dois lados têm como base de cálculo o
preço final. Isto implica dizer que há incidência de CIDE sobre o valor do PIS
e Confins e também o inverso, explicou o líder rural.
A diretoria do Sindicato manifestou
preocupação com os desdobramentos do movimento dos caminhoneiros, especialmente
para os produtores de proteína animal, mas, de outro lado, reconheceu a
necessidade de chamar a atenção da sociedade e das autoridades para a grave
situação, decorrente em grande parte em razão do “sucateamento da Petrobrás”.
Para os representantes do Sindicato Rural, a
política de preços adotada pela Petrobrás, tem que ser alterada também. “Quem
faz contrato sem saber o valor que vai pagar no produto?”, questiona Pierin,
para demonstrar a inadequação dos ajustes diários de preço dos combustíveis.
Os ruralistas ainda destacaram o “passeio”
que os combustíveis dão até chegar ao consumidor. O preço do etanol atualmente
na região, que é produtora do combustível, é mais caro que em Curitiba, onde
não há produção. Outra situação: o Brasil é autossustentável em petróleo, mas
não tem refinarias e o resultado é que o país exporta petróleo e importa
combustível.
“Temos que pedir socorro sim. Mas o pedido não
é só para os caminhoneiros, é para todo o país”, disse Pierin ao final do
encontro, que ainda defendeu maior rigor no uso dos recursos públicos. “O
contribuinte não pode mais financiar uma estrutura governamental inchada e
poderes perdulários, como são o Executivo, Legislativo e o Judiciário no
Brasil”, arreatou.
Ao final do encontro, realizado na tarde de ontem (quinta-feira), a diretoria do Sindicato Rural de Paranavaí, expediu a seguinte nota:
Paralisação dos Caminhoneiros
Manifesto pela redução da carga tributária
Considerando
as grandes mobilizações que estão ocorrendo em todo o Brasil em protesto contra
a grave crise econômica que se abate sobre o país, o Sindicato Rural de Paranavaí vem a público para:
-
Manifestar sua solidariedade aos diversos movimentos - especialmente dos
caminhoneiros - que sofrem com o elevado valor dos combustíveis, em particular
do óleo diesel, em consequência de uma política de preços (com reajustes
diários) completamente distorcida da realidade;
-
Protestar contra a pesada carga
tributária, que incide de maneira brutal sobre os combustíveis, e também em
todos os setores da economia, travando o desenvolvimento do país e inibindo
novos investimentos;
-
Reafirmar seu posicionamento de que o país só deixará definitivamente suas
dificuldades econômicas para trás quando o Agronegócio merecer a prioridade do
governo, ter um tratamento justo e estímulo para continuar produzindo o
alimento dos brasileiros; e
-
Solicitar que o movimento grevista dê atenção especial aos problemas dos
produtores de proteína animal, que, como os demais da economia rural, apoiam o
movimento, mas está sendo duramente penalizado com a falta de transito dos
caminhões, seja para o transporte de ração ou para escoar sua produção.
É
importante considerar que, eventuais soluções para os atuais problemas, só
terão continuidade com a implantação de um sistema tributário justo, moderno e
que priorize a produção.
O
atual sistema parece concebido para sustentar uma pesada máquina
administrativa, financiar os perdulários poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário, cobrir o déficit decorrente de um sistema ineficiente e corrupto e
socorrer, com o dinheiro do contribuinte, as empresas públicas vítimas deste
sistema.