Socorristas do Samu Noroeste podem entrar em greve nesta sexta-feira (3). A paralisação será iniciada caso seja aprovada uma alteração
na jornada de trabalho, proposta pelo Consórcio Intermunicipal de Urgência e
Emergência do Noroeste do Paraná (Ciuenp), responsável pelo serviço, na região
Noroeste.
De acordo com a nova medida, os socorristas do Samu
Noroeste, que hoje trabalham em escala de 12 x 60, sendo 30 horas semanais,
terão de cumprir 6 horas de trabalho diárias, o que segundo a categoria, vai
acarretar prejuízos, pois a maioria dos funcionários trabalha em outras
cidades e o gasto com transporte vai aumentar, além de ser retirado o auxílio
alimentação.
“Isso vai gerar um
transtorno e muitas pessoas que sonharam em fazer parte do Samu, que sustentam
as suas famílias com o salário do Samu, vão ser obrigadas a pedir demissão,
porque não vão conseguir dar conta do serviço nessa nova escala”, conta o
técnico socorrista da base de Paranavaí, Fernando Brito de Oliveira.
Oliveira também explica que grande parte dos funcionários do
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência tem outro trabalho para complementar a
renda e, com a modificação, não será possível conciliar os horários.
Para tentar impedir que essa mudança seja efetivada e
aprovada pelos 101 prefeitos dos municípios que compõe o Ciuenp, representantes
dos Sindicatos dos Empregados em Estabelecimentos em Saúde de Paranavaí e Região
(Sindesp), de Umuarama e Região (Seessu) e de Campo Mourão e região, se reuniram
na última segunda-feira (30) e redigiram um ofício que foi encaminhado a todos
os municípios que compõe o consórcio do Samu Noroeste, pedindo a colaboração
dos representes para que não apoiem a mudança.
De acordo com o documento, “tais alterações consistem em
modificações drásticas nas condições de trabalho dos empregados que já praticam
a jornada de 12 horas desde o início das atividades do Consórcio. Ademais, os
funcionários que laboram em bases descentralizadas terão que se deslocar diariamente,
o que além de trazer prejuízos para os empregados irá onerar o próprio consórcio,
que terá que arcar com tais deslocamentos”, diz o ofício.
Segundo o advogado do departamento Jurídico dos
Sindicatos, William Diego Fortunato, que representa os Empregados em Estabelecimentos de Saúde, em nenhum momento foi debatido com os sindicatos ou com os funcionários
do Ciuenp qualquer alteração de jornada.
O Presidente do Consórcio, Almir de Almeida, disse em entrevista
ao Portal da Cidade, que a mudança vai ocorrer por conta de atitudes dos
próprios funcionários do Samu. “Nós tínhamos uma jornada de 12 x 60 e, muitas
pessoas, acabavam fazendo 24h por conta de atestado médico ou outras questões
pessoais para facilitar a vida delas. Depois, ainda entravam na justiça para
receber hora extra dessas horas trabalhadas, o que vinha causando prejuízo ao
consórcio. Então, essa mudança, quem provocou foram eles”, declara o
presidente.
Ao ser indagado sobre os prejuízos que isso pode causar aos servidores, o Presidente disse: “Eles não pensaram na gente quando entraram na justiça.”
Almeida ressaltou ainda, que a mudança já está praticamente
aprovada e na sexta-feira (3), deve conversar com os representantes dos municípios
para oficializar o novo horário de trabalho do Samu Noroeste.
Os servidores do Samu estão organizando uma manifestação
para tentar reverter a situação durante a reunião do Conselho. Eles pedem o
apoio dos prefeitos e segundo os sindicatos, todos os socorristas da região
noroeste que estiverem de folga no próximo dia 3, estarão presentes na reunião.
Caso a mudança seja aprovada, os socorristas prometem se
reunir em assembleia e paralisar os serviços, ainda na sexta-feira.
A reunião do Conselho Deliberativo para discutir a mudança será nesta sexta-feira (3) às 13h30, no auditório da Uopeccan, em Umuarama. Caso seja aprovada, a nova jornada de trabalho deve entrar em vigor em setembro.
*Com colaboração do repórter Pedro Machado