A partir de 2019, o Brasil não adotará mais o horário de verão. O presidente Jair Bolsonaro assinou nesta quinta-feira (25) decreto que extingue a medida, em cerimônia no Palácio do Planalto. A decisão foi baseada em recomendação do Ministério de Minas e Energia, que apontou pouca efetividade na economia energética, e estudos da área da saúde, sobre o quanto o horário de verão afeta o relógio biológico das pessoas.
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
“As conclusões foram coincidentes. O horário de pico hoje é
às 15h e [o horário de verão] não economizava mais energia. Na saúde, mesmo
sendo só uma hora, mexia com o relógio biológico das pessoas”, disse,
ressaltando que não deve haver queda na produtividade dos trabalhadores nesse
período. A
medida já havia sido anunciada pelo presidente no dia 5 de abril.
De acordo com o secretário de Energia Elétrica do MME,
Ricardo Cyrino, a economia de energia com o horário de verão diminuiu nos
últimos anos e, neste ano, estaria perto da neutralidade. “Na ótica do setor
elétrico, deixamos de ter o benefício”, disse.
Cyrino afirmou que o horário de verão foi criado com o
objetivo de aliviar o pico de consumo, que era em torno das 18h, e trazer
economia de energia na medida em que a iluminação solar era aproveitada por
mais tempo. “Com a evolução da tecnologia, iluminação mais eficiente, entrada
de ar-condicionado – que deslocou o pico de consumo para as 15h – e também a
substituição de chuveiros elétricos [por aquecimento solar, por exemplo], que
coincidia com a iluminação pública às 18h, deixamos de ter a economia de
energia que havia no passado e o benefício do alívio no horário de ponta, às 18h”,
explicou.
O horário de verão foi criado em 1931 e aplicado no país em
anos irregulares até 1968, quando foi revogado. A partir de 1985, foi novamente
instituído e vinha sendo aplicado todos os anos, sem interrupção. Normalmente,
o horário de verão começava entre os meses de outubro e novembro e ia até
fevereiro do ano subsequente, quando os relógios deveriam ser adiantados em uma
hora em parte do território nacional.
O secretário afirmou ainda que nos últimos 87 anos de
instituição do horário de verão, por 43 anos o país ficou sem adotar a medida e
que ela pode ser instituída novamente no futuro. “Tivemos muitas alternâncias.
Vamos continuar fazendo avaliações anuais e nada impede que, no futuro, caso
venha a ser conveniente na ótica do setor elétrico, vamos sugerir novamente a
introdução do horário de verão. Por hora, ele não faz mais sentido.”