O Ministério Público do Paraná denunciou nove pessoas por
organização criminosa e tráfico de drogas em Cidade Gaúcha (a 79 quilômetros de
Paranavaí), após oito meses de investigações. Entre os denunciados está um
investigador de polícia da cidade, que também foi acusado de corrupção passiva
majorada.
Segundo informações do MP, as investigações, em conjunto com
Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Maringá, apontaram
que a quadrilha trazia grandes quantidades de drogas do Mato Grosso do Sul e de
regiões do Paraná, e levava a Cidade Gaúcha utilizando barcos. Depois, todas
as cargas eram escondidas em compartimentos secretos de caminhões e transportadas
para São Paulo e Rio de Janeiro.
“O investigador de polícia fazia parte da organização
criminosa e tinha papel fundamental no esquema de transporte de drogas, pois
dava proteção e amparo às ações dos demais integrantes do grupo, mantendo
estreito vínculo com o chefe do grupo”, pontua o ministério público.
Em abril, a Polícia Rodoviária Estadual de Rolândia já havia
apreendido um caminhão carregado com drogas que, de acordo com o MP, eram da
quadrilha de Cidade Gaúcha. Na ocasião, foram encontrados 535 tabletes de
maconha, que somaram, aproximadamente, 457 quilos da droga.
Documentos apreendidos mostraram, segundo a denúncia, que o
grupo comercializava toneladas de drogas e movimentava grande quantidade de dinheiro. Ainda de acordo com o MP,
dentre as despesas da quadrilha estava o pagamento de propina a agentes
públicos. “Nos cadernos apreendidos, também estava anotado o apelido do
investigador de polícia e a menção a pagamentos de 'pedágios', termo usado como
referência às propinas pagas a servidores púbicos. Conforme as investigações do
MPPR e o teor dos documentos apreendidos, há indícios de que o investigador
recebeu, em diferentes ocasiões, quantias de R$ 5 mil de propina”, explica o
MP.
Com a denúncia, oito das nove pessoas envolvidas receberam
pedido de prisão preventiva. Uma mulher, também acusada, deve esperar o
julgamento fora da cadeia, mas utilizando tornozeleira eletrônica e proibida de
sair da comarca. Segundo o ministério público, ela recebeu essas medidas por
ter filhos menores de 12 anos. A pedido do MP, a justiça determinou, ainda, o
sequestro e o bloqueio de bens de todos os acusados.