Entidades ligadas ao setor mandioqueiro estão mobilizadas
para que uma resolução do Banco Central, que inviabiliza a contratação de
financiamento para custeio da cultura, seja revista. A resolução atinge os
produtores que se enquadram no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor
(PRONAMP).
Foram os próprios produtores que alertaram suas entidades
representativas, como o Sindicato Rural de Paranavaí (SRP), a Câmara Setorial
da Cadeia Produtiva da Mandioca e Derivados ligada ao Ministério da Agricultura
e o Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná (SIMP). Ao procurar
instituições para fazer o financiamento de custeio, eles foram informados que o
contrato deveria ser quitado em 12 meses, de acordo com a Resolução 4.709 do
Banco Central do Brasil.
Em ofício encaminhado à Federação da Agricultura do Paraná
(FAEP) e Confederação Nacional da Agricultura (CNA), pedindo apoio para a revisão
da decisão, o presidente do SRP, Ivo Pierin Júnior afirma que a Resolução “não
considerou características de algumas culturas, como a mandioca, que no Centro
Sul do país (São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande
do Sul) 90% dos produtores colhem no segundo ciclo (24 meses)”.
De acordo com o documento, “a nova resolução afronta e
inviabiliza a busca do financiamento de custeio para o setor nesta vasta
região. Cumpre ressaltar, de outro lado, que tais produtores vivem neste
momento uma de suas piores crises em razão dos preços baixíssimos que estão
sendo praticados por conta do excesso de produção. Ou seja, os produtores de
mandioca estão descapitalizados e necessitam desta linha de crédito para
continuar na atividade”.
De acordo com Pierin Júnior, ainda que os produtores
optassem em antecipar a colheita, não haveria como honrar os compromissos com
os bancos. “A mandioca de um ciclo tem baixa produtividade e não cobre os
custos de produção. Por isso o produtor continuaria inadimplente”, explica.
O presidente do SRP defende a necessidade de alterar a
resolução dando um tratamento adequado para os produtores de mandioca do Centro
Sul do Brasil. “Do contrário, poderá ser decretada o fim da atividade na
região, com enormes prejuízos econômicos e sociais, gerando desemprego no campo
e na agroindústria e debilitando a economia destes centros produtores”,
enfatiza Pierin Júnior.