Os servidores públicos municipais de
Paranavaí aprovaram, em assembleia, a realização de uma manifestação pública
para mostrar a insatisfação com o aumento salarial de 1,56% - referente
unicamente a variação do INPC entre abril de 2017 a março deste ano. “Não há
aumento real. É só recomposição das perdas. E se ficarmos calados, a sociedade
vai achar que está tudo bem”, disse, na assembleia, o presidente do Sindicato
da categoria, o Sinserpar, Gabriel dos Santos Luiz.
Na abertura da assembleia, na noite desta
quarta-feira (18), o presidente fez um relato das negociações. “Nossa primeira
conversa com o prefeito KIQ e secretários foi no dia 26 de março, para que
houvesse tempo de negociar antes da prefeitura mandar o projeto de lei para a
Câmara”, disse Gabriel. E a última reunião aconteceu quatro horas antes do
início da Assembleia. “Estivemos novamente hoje (quarta-feira) na prefeitura e
não teve novidade, mantiveram só o INPC”, disse ele, revelando que à saída do
gabinete, uma diretora Sindicato disse ao prefeito que havia votado nele, mas
saía da reunião decepcionada com ele. “Estamos todos decepcionados”, reforçou.
A única novidade foi que o Governo Municipal acenou com a possibilidade de
voltar a negociar no mês de agosto e eventualmente conceder algum reajuste.
Gabriel explicou que para não dar aumento
real a administração municipal alega queda de arrecadação. “Pelo que vimos, de
fato a arrecadação foi menor que a prevista. Mas há formas para reduzir
despesas”, disse ele, quando vários servidores reclamaram de excesso de cargos
de confiança, concentração de benefícios em poucos servidores. O Sindicato
pediu a relação dos cargos comissionados e de quem está recebendo funções
gratificadas. A Administração ficou de fornecer a relação nos próximos dias.
No encontro de quarta-feira com o prefeito, a
diretoria questionou a abertura de concurso para 43 cargos, pois “enquanto
estiver contratando, não terá como dar aumento aos servidores”. O concurso será
apenas para promover substituições. “O prefeito contou que nos próximos cinco
anos vão se aposentar 420 servidores. O concurso será só para cadastro de
reserva. Ele garantiu que não haverá contratações novas, só substituições de
quem se aposentar”.
Na mesma ocasião, Gabriel chegou a dizer ao
prefeito que se ele está anunciando que seu governo tem uma aprovação de quase
70% da população, esta aprovação é do servidor. “O prefeito pode ser bem
avaliado e torço para que ele seja. Mas a boa avaliação depende e é também para
o servidor”, disse.
O presidente do Sinserpar explicou que não há
como recusar a proposta da prefeitura. “Não temos o que fazer. Vamos continuar
honrando nosso compromisso de levar um serviço de qualidade à população, mesmo
insatisfeito com o salário. Mas temos que externar esta insatisfação”, insistiu
ele.
PROTESTO
- Levado à votação, os servidores aprovaram
realizar uma manifestação no próximo dia 28 pela manhã para que “a sociedade
saiba da nossa insatisfação”. A assembleia deliberou que os servidores, usando
camisetas pretas, vão se reunir entre 9 e 10 horas na Praça dos Pioneiros,
sairão de lá em passeata pela Rua Getúlio Vargas até o Paço Municipal, onde
serão feitos pronunciamentos. Serão colocados faixas e cartazes em protesto por
falta de aumento real desde o ano passado. Questionada sobre o assunto, a
diretoria afastou qualquer possibilidade de fazer greve. “Não há embasamento
legal para isso”, explicou.
Gabriel dos Santos revelou que buscou
informações sobre o reajuste em outros municípios “e praticamente todos eles
deram alguma coisa além do INPC”. Em Maringá, por exemplo, o reajuste foi de
1,81%, mas o valor do vale-alimentação passou de R$ 250,00 para R$ 312,50. Já em
município menor, como Tamboara, o reajuste foi de 2,95%. “Na média, as
prefeituras reajustaram os salários entre 3% e 4%”, informou ele.
Os servidores entenderam também que há
necessidade de uma ação política contra a administração municipal. Foi sugerido
e acatado que os servidores disseminem entre a categoria a ideia de não votar nas
eleições deste ano, em candidatos apoiado pelo prefeito. Esperam que, desta
forma, chamem a atenção e ganhem o apoio dos pretensos candidatos apoiados plo
prefeito. Se até setembro nada mudar, dizem eles, haverá um boicote a esses
candidatos.
Ainda na área política, servidores questionaram se a categoria está tendo apoio de vereadores. “Até agora me telefonaram e manifestaram apoio os vereadores Lucas Barone, a Zenaide (Borges) e o Carlos (Professor Carlos)”, respondeu.
Durante e ao final da reunião, Gabriel insistiu na união dos servidores em torno do Sindicato. “Não adianta ficar reclamando sozinho. Temos que nos unir. Prestar um serviço de qualidade e cobrar nossa valorização. Mas sem confronto, de forma respeitosa. Inclusive em nossa manifestação, vamos tomar todas as providências para não prejudicar o comércio. Só queremos que a população saiba do nosso descontentamento. Mas o descontentamento não vai prejudicar a qualidade de nosso serviço”, reforçou o presidente Gabriel dos Santos.