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Superação

Professora com síndrome rara encontra apoio e superação nas redes sociais

Giane Rodrigues, ex-moradora de Paranavaí, está de cadeira de rodas há dois anos, após ter sido diagnosticada com a Síndrome de Arnold Chiari

Publicado em 23/10/2018 às 06:54
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Giane sempre manteve o otimismo para lidar com os momentos difíceis. (Foto: Reprodução/ Redes Sociais)

Professora passou por 6 cirurgias em 2 anos. (Foto: Reprodução/ Redes Sociais)

Eloíse Fernandes

Imagine estar no auge da carreira, em busca de novos conhecimentos, novos desafios profissionais, mudança de país e, de repente, ser surpreendido por uma doença que te deixa de cadeira de rodas. Esse não é um roteiro de um filme, é uma história real, de uma professora, que morou em Paranavaí por mais de 25 anos e ajudou a formar muitas crianças e adolescentes da cidade.

A professora e psicopedagoga, Giane Rodrigues de Souza Andrade, de 40 anos, mestre em educação, casada e mãe de dois filhos jovens, descobriu há dois anos, quando se preparava para ingressar no doutorado, que tinha uma doença grave, e poderia ficar sem andar: A síndrome de Arnold Chiari, uma má formação genética rara em que há o comprometimento do sistema nervoso central e  pode resultar em dificuldade de equilíbrio, perda da coordenação motora e problemas visuais.

“Antes de descobrir a doença tinha bastante dor de cabeça e dor na cervical, mas por achar que era dor comum, do dia a dia, nunca fui atrás. Até que tive 19 derrames na visão. Passei por vários oftalmologistas, uns tratavam como bactéria, outros como estresse, devido ao momento que eu estava vivendo. Um dia fui levar minha mãe ao médico e consultei também. Após uma ressonância magnética, descobri problema na medula. Fui encaminhada para um neurologista e na ressonância magnética foi detectada a síndrome”, conta.

A professora, que hoje reside em Maringá, e sempre manteve o otimismo, relata que descobriu a doença, menos de uma semana antes de uma viagem que faria para Portugal, para apresentar seu projeto de mestrado sobre a aceitação do corpo gordo e o bullying na educação. “Fui para Portugal mesmo com o diagnóstico da doença. O projeto foi aceito e  a pesquisa foi passada para o governo português para ver a possibilidade de se estudar a gordofobia nas escolas de Portugal. Naquele momento fui convidada para dar aulas em Portugal. Passei muito mal lá, com dor de cabeça, estourou derrames nos olhos. Quando retornei ao Brasil, fiz meu planejamento para ir morar em Portugal. Na semana seguinte, comecei a ficar com as pernas fracas e fui perdendo os movimentos”, relata.

Giane conta que teve que adiar os planos. Só nos últimos dois anos, ela passou por seis cirurgias, cinco só nos primeiros seis meses de tratamento. Há três meses realizou o último procedimento e agora segue em tratamento no hospital de neurorreabilitação medular Sarah Kubitschek.

Giane Rodrigues, Professora, Psicopedagoga e Mestre em Educação

Força

"Eu estou sentada, mas minha cabeça está num processo de organização, que até parece que eu ando."

Giane Rodrigues, Professora, Psicopedagoga e Mestre em Educação

Apoio nas redes Sociais

Para superar o momento difícil, além do tratamento médico especializado, Giane buscou ajuda psicológica em sessões de terapia. Em uma das consultas, instigada pela psicóloga, teve a ideia de criar perfis em redes sociais para contar sua história e ajudar as pessoas. “Ela me motivou a buscar algo que eu gostava e me motivava. Foi então que eu pensei: Eu como professora, gosto de falar, mas no momento não consigo falar para muitas pessoas. O canal nasceu dessa motivação, para que, com a minha história, eu consiga motivar pessoas e ajude a superar desafios”.


Giane hoje tem um canal no Youtube, chamado “Agi sobre rodas” e uma página no Instagram, onde publica seus vídeos e fotos motivacionais. “Toda aquela dor que eu estava sentindo comecei a voltar para a ideia das redes sociais. A dor está ali, mas eu não dou atenção para ela e me volto principalmente para essa questão de superação em todos os sentidos: coisas que nos limitam, não só superação por doença, mas da emoção e inteligência emocional na educação. Eu estou sentada, mas minha cabeça está num processo de organização, que até parece que eu ando”, conta.

A professora revela ainda que é surpreendente a quantidade de mensagens que recebe de apoio pelas redes sociais. “Eu não tinha noção de quantas pessoas estavam orando por mim. Teve dias, durante esses três meses, que eu estava mais fraca, precisando de uma energia positiva e apoio. Então, eu sentia que eu não estava orando por mim, mas as pessoas estavam. Realmente a minha melhora se deu quando eu percebi que tinha tanta gente orando por mim e eu precisava agradecer. O incentivo foi muito grande. O melhor presente que eu ganhei na minha vida foi esse amor, esse carinho e as orações das pessoas.”

 

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