Portal da Cidade Paranavaí

"tlec-tlec"

Dia do Datilógrafo: por onde anda Cecília Fiuza, professora nos anos 70?

Nesta sexta-feira (24), o Portal da Cidade relembra a história da paranavaiense que dedicou mais de 40 anos à profissão.

Publicado em 24/05/2024 às 15:00
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(Foto: Portal da Cidade Paranavaí)

A máquina de escrever se tornou uma relíquia e até parece estranha aos olhos dos mais jovens. Mas, o que muitos não sabem é que, na verdade, o surgimento do objeto foi uma grande revolução nos escritórios, bancos e redações jornalísticas. A datilografia foi umas das profissões mais importantes do mundo até meados da década de 1980, sendo um dos movimentos que significaram a emancipação da mulher no mercado de trabalho.

Cartas, reportagens e relatórios eram escritos com máquinas de escrever e por muito tempo o curso foi uma exigência nos currículos. Nesta sexta-feira (24), Dia do Datilógrafo, o Portal da Cidade Paranavaí relembra a história da paranavaiense Cecília Fiuza, que dedicou mais de 40 anos à profissão. Ela começou cursar datilografia ainda jovem e foi convidada pela professora para ajudar nas aulas. Na década de 1970, assumiu o ensino e fundou a Escola de Datilografia Fiuza.


Cecília formou-se em Pedagogia pela Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí (antiga Fafipa) e devido à grande demanda de alunos precisou conciliar as aulas nos colégios com a própria escola. Foram mais de 40 anos dedicados à arte da digitação que formava mais de 200 alunos por ano. "Eu comecei com dez máquinas de escrever, fui comprando outras aos poucos e cheguei a ter 25", conta. 

A escola foi registrada na secretaria de Curitiba e para conseguir o diploma, os estudantes realizavam um exame aplicado pela Secretaria de Educação de Paranavaí. Um dos alunos da escola da Fiuza que concluiu o curso foi Amauri Martinelli. "Na época eu tinha 14 anos, era 1984. Para conseguir um emprego era muito importante ter um diploma de datilografia e eu sou um bom digitador até hoje por causa das aulas. A professora Cecília era extremamente zelosa, educada e muito exigente", relembra o paranavaiense.


Foi no ano de 2000 que a Escola de Datilografia Fiuza fechou as portas. Com a ascensão da tecnologia e a popularização dos computadores, a máquina de escrever ficou em desuso. A professora vendeu e doou algumas, mas guardou outras para os netos. "Eu sinto falta. Dá saudade do tempo que passou. De vez em quando encontro ex-alunos que me abraçam", emociona-se.

Com mais de 80 anos, Cecília ainda guarda recordações preciosas, como o termo de abertura da escola, fotografias e o manual do datilógrafo utilizado na época. "A datilografia é uma arte que exige postura e posição correta das mãos para não ter complicação nas articulações. Para ser um bom aluno era necessário decorar o teclado com exímio", afirma.  


 A aposentada guarda com carinho pequenas partes de uma instituição que pertencem à história da cidade. Mesmo com o encerramento da escola, Fiuza continuou dando aulas de datilografia e digitação para a prefeitura, na antiga Estação do Ofício.

Mais de cinquenta anos se passaram e a profissional continua com a mesma habilidade nos dedos. As mãos maduras e marcadas pelo tempo ainda batem nas teclas com a mesma vivacidade e olhar fixo. O 'tlec-tlec' da máquina de escrever e o barulho de quando se empurra o papel de volta ao início, dão um sentido poético ao trabalho que permanece em sua memória.

Além das peças preservadas, a professora tem um legado especial, a filha Fátima Fiuza, que por afinidade e orgulho seguiu os mesmos passos. Elas lecionaram lado a lado compartilhando a paixão e o talento pela datilografia. Cecília Fiuza é um símbolo vivo da profissão que transformou gerações.

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