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Dia do surdo: jovem ensina sinais de Libras para cachorros de estimação

"Quando eu estive com surdos pela primeira vez, me senti livre!", afirma Mariane Kaori, paranavaiense que ficou surda aos 2 anos.

Publicado em 26/09/2022 às 15:33
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(Foto: Reprodução| WhatsApp)

Por Laís Morais

Em 1997, aos 2 anos de idade, Mariane Kaori dormiu ouvindo todos os sons do mundo e, na manhã seguinte, acordou surda. Os pais perceberam que algo estava diferente quando a menina não respondia, apenas balbuciava. De acordo com os médicos, a surdez teria sido uma sequela de febre alta.

Na época, morando no Japão, ela encontrou muitas dificuldades, como a falta de tratamento. O pai de Kaori fez várias pesquisas e iniciou então, uma busca por algo que atendesse às necessidades da filha. Após encontrar uma instituição que fornecia aparelhos auditivos gratuitos, a família se mudou para o Brasil.


Mas o que parecia a solução, foi apenas o começo de uma luta contra a falta de acessibilidade. A pequena Mariane agora enfrentava o bullying e também escolas sem a presença de intérpretes. A timidez ganhou lugar, pois sua única forma de interagir era por meio de gestos e leitura labial. Mesmo com as dificuldades e sem muita interação, foi uma ótima aluna e sua rotina era dividida em ir à escola de manhã e a tarde aulas de inclusão.

Foi somente em 2002, por meio de uma lei, que a Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi instituída como meio legal de comunicação. Assim, novas possibilidades surgiam, inclusive uma escola com intérpretes e colegas surdos. "Quando eu estive com surdos pela primeira vez, me senti livre! Soltei a mão da minha avó e fui correndo interagir com eles", relata. Ela ainda conta que a convivência com suas irmãs sempre a fez acreditar que tudo era possível, como uma ponta de esperança.

Mariane formou-se em Letras/Libras e atualmente, aos 27 anos, é professora. "Na faculdade eu evolui bastante, aprendi o formal e informal, conheci muitos surdos, cada um com sua identidade. Ficava admirada, me espelhei nisso e, assim como eles, me tornei independente", afirma Kaori. Hoje ela trabalha com recursos multifuncionais/surdez, formação de docentes e Libras no Centro de Línguas Estrangeiras Modernas (Celem).


A jovem é casada com Murilo e juntos eles compartilham o amor pela literatura e animais. O casal prova que a linguagem mais universal que existe é o amor! Eles se dedicaram a ensinar Libras para as duas cachorrinhas. Nina e Kiara, que conhecem vários sinais como: "vamos", "não", "senta", "dá", "creche", "buscar a mamãe", "banho", entre outras, afirmam os tutores.

"Nós combinamos de testar nas duas línguas, oral em português e sinalizando, em Libras. Ficamos repetindo até elas entenderem o significado!", explica. O casal também faz resenhas de livros no Instagram ( @parliterando ), sinalizado e legendado, para que as pessoas reconheçam que a surdez possui uma diversidade e oferece formas de acessibilidade.

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