“É
um absurdo. Não bastasse a falta de uma política séria para incentivar o setor
produtivo, agora vemos que a corrupção é um dos principais responsáveis pelo
alto custo do pedágio no Paraná, cujo valor sempre foi questionado pelas nossas
entidades”.
O comentário, em tom de desabafo, é
do presidente da Associação Comercial e Empresarial de Paranavaí (Aciap), Maurício
Gehlen, ao falar sobre a Operação Integração (derivada da Lava Jato) da Polícia
Federal, Ministério Público Federal e Receita Federal, que investiga fraudes
nos contratos de concessões das rodovias do Paraná. Nota do Ministério Público
informa que algumas obras foram superfaturadas em até 89% para engordar as
planilhas de custos. Estudos apontam ainda que a corrupção no setor aumenta em
quatro vezes o valor da tarifa.
“Nosso principal corredor de
exportação é o Porto de Paranaguá. E de todos os pontos do Estado que saia um
caminhão sempre vai pegar uma rodovia pedagiada até o porto. Não estamos agora
nem discutindo se deve ou não ter pedágio. O que sempre foi criticado pelas
entidades empresariais eram os valores. E agora descobrimos que os valores não
eram uma questão de equilíbrio financeiro das concessionárias, mas para
financiar a corrupção de agentes públicos e empresários mal intencionados, que
sequer merecem ser chamado de empresários”, acrescentou Gehlen.
Ele lembra que o Tribunal de Contas
do Estado e auditorias independentes já haviam detectado irregularidades e um
desequilíbrio favorável as concessionárias. Ainda assim, nada foi feito. Ao
contrário, em vez de baixar, houve aditivos aumentando os valores.
Gehlen lembrou que a Federação das
Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) contratou um estudo para comparar o
pedágio paranaense com outros Estados. “O presidente da FIEP, Edson Campagnolo,
conta que o estudo apontou que o preço no Paraná o dobro mais caros e o serviço
é a metade, pior. Então fica óbvio que o dinheiro está sendo drenado para áreas
que não é prestação de serviço do usuário”, diz o presidente da Aciap.
Ele pregou que haja maior
transparência nos serviços de concessões das rodovias. “É uma caixa-preta,
ninguém sabe verdadeiramente quanto as concessionárias arrecadam”, disse
Gehlen, que defendeu, ainda, uma redução nos custos do transporte no Estado. “O
Brasil ainda movimenta sua produção por rodovias. Não há incentivos para as
hidrovias e ferrovias. E o pedágio aumenta em muito o custo Paraná, ou seja, o
custo para transportar produtos no Estado”, asseverou ele.
“O que esperamos é que as investigações se aprofundem. E enquanto a polícia, promotores e agentes da Receita trabalham para descobrir e punir culpados, haja uma força tarefa para rever os valores das tarifas dos pedários. É o mínimo que podemos esperar depois deste escândalo”, cobrou Maurício Gehlen.