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Preço da arroba do boi sobe e consumidores pagam mais caro pela carne

Segundo o vice-presidente do Sindicato Rural de Paranavaí, Carlos Costa Júnior, vários fatores influenciaram esse aumento, que deve permanecer até 2022

Publicado em 04/02/2021 às 02:53
Atualizado em

(Foto: Pixabay)

O preço da carne bovina disparou nos mercados e açougues nos últimos meses. Alguns cortes tiveram uma majoração de preços entre 70% e 80%. A única informação que a maioria da população tem a esse respeito é que o preço da arroba do boi gordo aumentou 100% no mesmo período, passando de R$ 150 para R$ 300 nos últimos 12 meses. Nesta quinta-feira (4), a arroba estava cotada na região de Paranavaí em R$ 290.

O que provocou esta disparada dos preços? Segundo o vice-presidente do Sindicato Rural de Paranavaí, o pecuarista Carlos Costa Júnior, não foi um único fator determinante. “Foi uma associação de fatores, que vai desde situações pontuais locais, como a seca dos últimos anos em algumas regiões do país, o desestímulo que a atividade sofreu durante seis ou sete anos e até o mercado internacional que reagiu em 2020”, explica ele. Na sua avaliação, o atual cenário deve permanecer todo este ano e se prolongará até meados de 2022, quando alguns fatores que provocaram a alta de preços se normalizarão, a principal delas, a retomada da oferta de bezerros.

Costa cita que entre 2013 e 2020, o preço do boi gordo ficou estagnado entre R$ 100 e R$ 150, não acompanhando os custos de produção que aumentaram no período. Com baixa rentabilidade, produtores passaram a abater as matrizes. O reflexo desta matança apareceu dois ou três anos depois, com a falta de bezerros e, consequentemente a sua valorização, provocando uma reação do mercado. Com a alta dos preços dos garrotes, produtores começaram a reter as fêmeas parta voltar à produção de bezerros, reduzindo a oferta de abate. Com isto começou a elevação de preços da arroba do boi gordo no começo do ano passado.

TAXA DE CÂMBIO - Mas não foi só isso. A China perdeu 40% de seu rebanho suíno (a proteína animal mais consumida no país) em razão da peste africana. A opção foi acelerar as importações de carne suína, mas nenhum país produz o suficiente para atender esta demanda. Por isso o país asiático optou por outras proteínas e passou a importar, também, a carne bovina e ampliar a compra de frango. “A China não é um mercado novo para o mercado de carne bovina. Mas ele cresceu muito no ano passado”, diz o pecuarista.

A taxa de câmbio favoreceu as exportações e a remuneração da atividade melhorou. Embora, por outro lado, provocou o aumento do custo de produção, com a elevação de preços de adubos e sal mineral, essenciais na atividade.

COVID-19 - Apesar de ser um grande exportador de carne bovina, o Brasil comercializa no exterior apenas 30% do que produz. O restante é vendido no mercado interno. Por isso, a chegada da pandemia da Covid-19 trouxe apreensão entre os pecuaristas. A previsão inicial era de uma crise econômica no ano passado, que causaria uma queda de consumo, provocando retração no mercado interno. “Mas o auxílio emergencial ajudou a manter o consumo e a normalidade do mercado”, diz Costa.

A seca que castigou várias regiões do país também teve influência sobre o mercado. “Teve pecuarista que vendeu o boi gordo ou quase terminado e não fez a reposição, porque não tinha pasto. Quando foi comprar o bezerro o preço estava lá nas alturas e ele não conseguiu fazer a comercialização proporcional de comprar 2,2 a 2,3 bezerro por cada boi de 18 arrobas. Isto ajudou a forçar preço”, relata Carlos Costa.

Carlos Costa Júnior é pecuarista e presidente do Sindicato Rural de Paranavaí.

O pecuarista conta que, embora haja um grande volume de recursos financeiros sendo movimentado neste mercado, o pecuarista não está ganhando tanto dinheiro como se imagina por conta de ter dobrado o preço do boi. “Eu estimo, porque não há levantamento oficiais sobre isso, de que entre 30% e 40% do rebanho recebe ração na fase de terminação, ou seja, nos últimos 100 dias”, explica. Segundo seus cálculos, um boi confinado custa R$ 15 por dia, já que a base da ração é a soja e o milho, que também sofreu uma disparada em sua cotação. Só nesta fase, o custo de produção seria de R$ 1.500.

Além disso, tem o custo de pastagem da fase anterior. “Hoje, o gado no pasto tem um custo de R$ 60 por mês”, diz. Pelos seus cálculos, o lucro do pecuarista está em torno de 2%, bem abaixo de outras atividades.

Para o diretor do Sindicato Rural, o mercado deve ser manter neste patamar, pelo menos, nos próximos 18 meses. Isto porque, assim como o reflexo de abate de matrizes demorou cerca de dois anos para refletir com a falta de bezerros no mercado, o impacto da retenção de fêmeas iniciada no ano passado também deve demorar o mesmo período para equilibrar o mercado de garrotes.


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